Reação adversa a medicamento segundo a ANVISA é qualquer efeito nocivo, não intencional e indesejado de uma droga, observado nas doses terapêuticas habituais em seres humanos para fins terapêuticos, profiláticos ou diagnósticos. As reações adversas a medicamentos classificam-se em previsíveis e imprevisíveis.
Previsíveis:São comuns, podem ocorrer em qualquer indivíduo e são relacionadas à ação farmacológica da droga, são dose-dependentes. Representam 75% das reações adversas a medicamentos. Elas são divididas em quatro tipos:
- toxidade
- Efeito secundário ou indireto
- Efeito colateral
- Interação de drogas
Imprevisíveis: São incomuns, ocorrem em pacientes suscetíveis, não são relacionadas a ação farmacológica da droga, depende da resposta individual de cada um, de deficiências genéticas ou resposta imunológica, são dose-independentes. Representam 25% das reações adversas a medicamentos. Elas são dividas em três tipos:
- Intolerância medicamentosa
- Reação idiossincrática
- Reação de hipersensibilidade ou alergia (15% das reações alérgicas a medicamentos)
As reações de hipersensibilidade ou alergia a medicamentos, segundo a WAO – World Allergy Organization podem ser alérgicas ou não alérgicas, conforme apresentem ou não mecanismo imunológico como desencadeante. As reações a medicamentos na sua maioria não são provocadas por mecanismos imunológicos, consideradas portanto como reações de hipersensibilidade não alérgica. (envolve anticorpo especifico ou linfócito T sensibilizado, ocorre a liberação de mediadores diretamente de mastócitos ou basófilos ou ativação do sistema complemento. As manifestações clinicas são semelhantes a de uma reação alérgica.) A reação adversa a medicamentos é adquirida. É possível nunca ter sido alérgico a um medicamento e de repente se tornar. Pacientes atópicos (com asma, rinite e/ou dermatite atópica) podem apresentar reações IgE mediadas mais graves. A via de administração parenteral, ou seja, por soro, provoca reações mais intensas. A incidência de reação alérgica ao medicamento é maior quando administrado de forma intermitente. O uso contínuo está associado a menor incidência de sensibilização alérgica.
Às vezes as drogas apresentam estruturas químicas semelhantes e por este motivo dizemos que apresentam reação cruzada, ou seja, podem provocar os mesmos efeitos. Isso explica porque pode ser necessária a suspensão de um grupo de medicamentos. Os fármacos que mais provocam reações adversas são os antibióticos e os anti-inflamatórios não esteroidais.
TIPOS:
Existem quatro tipos de reação causada por alergias medicamentosas:
- Reação imediata tipo I: tem a participação do anticorpo IgE, resultando num quadro clínico com rinite, asma, urticária, angioedema (edema da derme profunda atingindo pálpebras e lábios) e anafilaxia (em que o paciente pode apresentar coceira na pele, vermelhidão, sensação de desmaio, falta de ar, chiado no peito, queda de pressão, choque, náuseas, vômitos e diarreia, urticária e angioedema. A obstrução progressiva das vias aéreas e colapso circulatório podem levar a coma e óbito)
- Reação tipo II: ação direta do anticorpo IgM ou IgG no tecido ou orgão, com ativação do sistema complemento. Pode atingir pele, pulmão, fígado, músculos, nervos periféricos e células sanguíneas. Pode provocar anemia hemolítica, diminuição de plaquetas e nefrite intersticial
- Reação tipo III: Envolve a formação de um complexo antígeno-anticorpo que provoca lesão do tecido com ativação do sistema complemento. O quadro clínico envolve febre, urticária, presença de gânglios, inflamação das articulações, vasculite e envolvimento renal
- Reação tipo IV: que é mediada por linfócitos T sensibilizados com produção de linfocinas, como a dermatite de contato.
A alergia medicamentosa ocorre quando há envolvimento do sistema imunológico, que interpreta o medicamento como uma substância que causará algum dano ao corpo e o ataca. Na primeira vez que isso ocorre, um anticorpo específico é acionado, a partir da segunda exposição haverá uma manifestação clínica.
SINTOMAS:
Os sintomas de alergia medicamentosa podem ser divididos de acordo com as regiões que afetam:
Manifestações na pele:
- Urticária
- Erupções na pele (máculo-papulares ou vésico-bolhosas)
- Fotosenssibilidade
- Eritema fixo
- Vasculite
- Dermatite de contato
- Dermatite esfoliativa
- Necrólise epidérmica tóxica (NET)
- Pustulose exantemática aguda generalizada (PEGA)
- Angioedema.
Manifestações renais:
- Glomerulonefrite
- Síndrome nefrótica
- Nefrite intersticial
Manifestações pulmonares:
- Infiltrados eosinofílicos
- Vasculite
- Fibrose intersticial
- Asma e rinite
Manifestações no fígado:
- Colestase
- Lesão hepato-celular
Manifestações no sangue:
- Anemia hemolítica
- Trombocitopenia
- Agranulocitose
- Eosinofilia
Manifestações sistêmicas:
- Anafilaxia
- Doença do soro
- Febre
- Síndrome Lupus-like
- Poliarterite
- Síndrome de hipersensibilidade
As reações alérgicas podem ser imediatas (30 minutos até 2 horas após a administração da droga), aceleradas (2 a 48 horas após a administração da droga) e tardias (48 horas após a administração da droga).
DIAGNÓSTICO:
Os testes para detecção de alergia a medicamentos não mostram eficácia e especificidade para todos os fármacos. A maioria das reações a drogas não é dependente de mecanismo IgE mediada, portanto não respondem a um teste alérgico Muitas reações imunológicas são provocadas por metabólitos e não pela droga principal. Estes metabólitos são de difícil identificação.
Os testes mais utilizados são:
- Dosagem sérica de IgE específica
- Teste cutâneo de hipersensibilidade imediata
- Teste cutâneo intra-dérmico
- Teste de provocação
- Teste alérgico de contato
- Detecção de anticorpos IgE, IgM, IgG específicos
- Teste de ativação de basófilos
- Teste de proliferação linfocitária.
Muitos destes testes não são realizados em consultório, porque necessitam de monitorização em ambiente hospitalar. O que melhor caracteriza o diagnóstico é a minuciosa história clínica. Os testes ficam reservados para o paciente que não tem como substituir o medicamento.
TRATAMENTO:
A medida mais importante é o afastamento do medicamento suspeito. Como muitas vezes há reação cruzada com outras drogas, portanto é necessário evitar o grupo todo. O médico especialista deve orientar a substituição por um fármaco semelhante.
Alguns medicamentos podem ser usados para aliviar os sintomas persistentes da alergia. Entre eles:
- Antihistamínicos
- corticosteroides
- broncodilatadores.
Há um tratamento realizado em Hospital Escola chamado de dessensibilização, que consiste em, por meio de protocolos bem definidos, induzir a tolerância do medicamento.
Nos casos de anafilaxia além do socorro imediato com adrenalina auto-injetável, o paciente pode precisar de oxigênio e medicação intravenosa, necessitando de um suporte de emergência e internação.
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