domingo, 15 de março de 2015

Anemia ferropriva

  Existem diversas causas para a anemia ferropriva, são elas:                                             
  Falta de ferro na alimentação: Continua sendo ainda a causa mais frequente de anemia ferropriva no mundo, principalmente em crianças abaixo de 2 anos e mulheres gestantes. No Brasil, estima-se que atinja 25 % das crianças até os 2 anos de idade e 21% até os 5 anos de idade. Alguns estudos no Brasil chegaram a apontar uma prevalência de anemia em 50% ou mais em crianças até os 5 anos de idade, que frequentavam escolas ou creches e Unidades Básicas de Saúde.
   Diminuição da absorção do ferro pela mucosa intestinal: Várias condições clínicas podem afetar a absorção de ferro na mucosa intestinal. São elas:                                            
  • Cirurgias que retiram partes do estômago e/ou intestino que afetam a absorção do ferro como gastrectomias por úlceras no estômago e cirurgia bariátrica que retira parte do estômago e do intestino para redução do peso
  • Parasitoses (verminoses) intestinais como ancilostomíase, causada pelo parasita Ancylostoma duodenales, que “roubam” o ferro dos alimentos antes destes ser absorvido pelo intestino
  • Trânsito intestinal acelerado, como nos casos de diarreias frequentes dificultando a absorção do ferro durante sua passagem pelo tubo digestivo que é o local de absorção deste
  • Doença Celíaca (enteropatia pelo glúten) que leva à diminuição da absorção do ferro causada pela inflamação crônica da mucosa intestinal e diarreias frequentes.

  Perda de sangue recorrente causada por:
  • Fluxo sanguíneo menstrual de grande volume e por muitos dias, condição chamada de hipermenorréia pelos ginecologistas. Também podem ser a causa de sangramentos vaginais excessivos os miomas uterinos
  • Sangramentos crônicos do tubo digestivo causado por úlceras gástricas ou duodenais, câncer gastrointestinal, hemorroidas, divertículos, doenças inflamatórias intestinais em fase aguda como Doença de Crohne Retocolite Ulcerativa, varizes esofágicas e parasitoses intestinais
  • Sangramentos constantes pelo nariz (epistaxe ) ou pela urina ( hematúria e hemossidenúria )
  • Doenças descamativas da pele que cursam com descamação cutânea excessiva.

  FATORES DE RISCO:
  O fator de risco mais importante para a anemia ferropriva é a dieta deficiente em ferro. Crianças e adolescentes, gestantes e idosos são os públicos mais vulneráveis. Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica para redução do peso também correm maior risco de deficiência de ferro. Pessoas que dependem de terceiros para se alimentarem como idosos em asilos ou incapacitados fisicamente também podem ter anemia ferropriva. Pacientes com hipotireoidismo podem desencadear anemia como manifestação secundária. Vegetarianos mal orientados são também grupo de risco.
 
  SINTOMAS:
  Existe uma gama de sintomas desencadeados pela anemia ferropriva, são eles:
  • Fadiga crônica e desânimo
  • Cansaço aos esforços
  • Pele e mucosas pálidas (descoradas)
  • Tonturas e sensação de desmaio
  • Dores de cabeça e dores nas pernas
  • Geofagia ( vontade incontrolável de comer terra )
  • Queda de cabelo e unhas fracas e quebradiças
  • Falta de apetite
  • Taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos )
  • Dificuldade de concentração e lapsos de memória
  • Diminuição do desejo sexual.
  DIAGNÓSTICO:
  Com um simples exame de sangue já é possível confirmar se o paciente está anêmico e se é a carência do ferro a causa. Os exames mais apropriados são:
  • Hemograma (série vermelha): detecta se a taxa de hemoglobina está baixa e se o formato dos glóbulos vermelhos está alterado. Glóbulos vermelhos muito pequenos (microcitose) e de coloração mais descorada (hipocromia ) são dados que confirmam ser a deficiência de ferro a principal causa
  • Ferritina: avalia as reservas de ferro dentro do organismo, que geralmente estão baixas na anemia ferropriva
  • Outros parâmetros como dosagem de ferro e capacidade total de ligação do ferro podem se alterar em outras condições clínicas e não apenas na anemia ferropriva, devendo ser avaliados com cautela para não haver confusão no diagnóstico.

Estes parâmetros acima citados, quando alterados, muitas vezes exigem exames complementares à fim de procurar causas para a carência de ferro. Uma boa anamnese alimentar (entrevista sobre os hábitos alimentares do paciente) pode confirmar uma alimentação pobre em ferro. Quando não parece ser a falta de ferro na alimentação causas secundárias devem ser investigadas exigindo exames como:
  • Endoscopia Digesta Alta
  • Colonoscopia
  • Exame Parasitológico de Fezes
  • Esfregaço da Medula Óssea
  • Urina Tipo 1
  • Pesquisa de sangue oculto nas fezes.
  TRATAMENTO:
  O tratamento à princípio é repor a necessidade imediata de ferro do organismo, por meio da prescrição de doses medicamentosas deste nutriente. As doses de sais de ferro podem chegar a 200 ou 300 mg tomadas em doses diárias por no mínimo 2 a 3 semanas, variando conforme cada caso e grau de anemia. As causas secundárias como má absorção intestinal, perdas sanguíneas crônicas e parasitoses intestinais devem ser tratadas conforme cada caso.

  COMPLICAÇÕES:
  O não tratamento da anemia por carência de ferro pode trazer complicações cardiovasculares como insuficiência cardíaca podendo levar ao óbito, quando a anemia for profunda. Em casos de anemia mais leve o paciente poderá se queixar frequentemente dos sintomas acima citados e sua imunidade pode ficar comprometida e infecções frequentes podem ocorrer.

  PREVENÇÃO:
  A prevenção primária começa evitando uma alimentação pobre em ferro. Os alimentos mais ricos em ferro são:
  • Carne vermelha
  • Gema de ovo
  • Melaço da cana
  • Folhas verde escuras (rúcula, agrião, couve, espinafre, etc)
  • Leguminosas como feijão, ervilha, grão-de-bico, soja, lentilhas
  • Fígado, miúdos de peru e frango.

  Como o ferro de origem vegetal tem uma baixa absorção intestinal recomenda-se acrescentar na mesma refeição alimentos fontes de vitamina C como frutas cítricas (laranja, limão, abacaxi, acerola), pois esta vitamina aumenta a absorção do ferro vegetal na mucosa intestinal. De maneira contrária o cálcio pode diminuir a absorção de ferro de origem animal e alimentos como leite e derivados (queijos, iogurtes) não devem estar na mesma refeição contendo carne vermelha, principalmente quem está tratando de anemia ou corre maior risco de tê-la como as situações citadas nos grupos de risco.
  Acrescentar também alimentos enriquecidos com ferro como farinha de trigo e milho são estratégias interessantes para a prevenção da anemia ferropriva. Gestantes devem tomar suplemento de ferro prescritos pelo obstetra para não desencadear esta anemia.
 

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