segunda-feira, 16 de março de 2015

Cálculos biliares

  Cálculos biliares ou cálculos das vias biliares, tecnicamente são chamados de litíase biliar. Litíase vem do grego "lithos"- pedra. De fato,  cálculos são pedras mais ou menos duras.

  Conceito de Vias Biliares:
  O fígado tem múltiplas funções e uma delas é produzir bile que será eliminada através do intestino, dando coloração às fezes. O órgão se constitui de duas porções, chamadas lobos, que por sua vez se subdividem em vários segmentos.
 

  A via biliar é um conjunto de canais que se forma dentro do fígado e que confluem de modo completamente similar a um rio. Começam com canalículos, dentro dos diversos segmentos, que vão confluindo até formar dois canais maiores que drenam o lobo hepático direito e o lobo hepático esquerdo.
  Já ao saírem do fígado, esses dois canais se unem para formar um canal hepático comum que, depois de receber o canal da vesícula biliar, continua com o nome de colédoco.
  Este nada mais é do que a última porção da via biliar que desembocará no duodeno, sendo este a primeira porção do intestino delgado.
  Nessa junção do colédoco com o duodeno, há um músculo circular, denominado esfíncter de Oddi, que regula a passagem de bile para o intestino.    
  O colédoco reforçado por esse esfíncter, ao entrar no duodeno, forma uma saliência visível designada papila duodenal. A vesícula biliar é uma bolsa, localizada sob o fígado, fora deste, comparável a um lago, que se comunica com a via biliar comum por um canal próprio, o ducto cístico. Na vesícula biliar a bile se concentra no intervalo das refeições e é liberada, logo após as mesmas, para o duodeno, principalmente quando há ingestão de gorduras.

  Onde ocorrem cálculos biliares?
  Cálculos biliares podem existir em qualquer porção da via biliar, mas aparecem comumente na vesícula biliar e com menor frequência no colédoco.

  Como se formam os cálculos biliares?
  A bile tem três componentes básicos: bilirrubina, sais biliares e colesterol.
  A bilirrubina é um pigmento derivado da destruição dos glóbulos vermelhos do sangue, efetuada no baço.
  Através da circulação, é levada para o fígado que a elimina pelos canais biliares; ela dá a cor à bile. A bile quando liberada ao intestino delgado fornece a cor amarronzada das fezes. A presença de fezes brancas (sem cor) conduz a pensarmos em distúrbios das vias biliares (fígado, vesícula biliar e pâncreas). O fígado produz os sais biliares que são importantes no processo de digestão dos alimentos, especialmente das gorduras.
  O colesterol é eliminado pelo fígado, através da bile. Há um equilíbrio físico-químico entre essas três substâncias que mantêm a bile em estado líquido.
  Rupturas nesse equilíbrio provocam precipitação de seus componentes, dando origem aos cálculos.
  Os componentes dos cálculos, entre outros, são sais de cálcio e colesterol. Conforme a predominância, serão cálculos colesterólicos, cálcicos ou mistos.

  Consequências da litíase biliar?
  Os cálculos biliares podem permanecer silenciosos durante anos ou se manifestarem a qualquer momento.
  Quando um cálculo da vesícula biliar obstrui o ducto cístico, seu canal de drenagem para o colédoco, provoca contração da parede muscular da vesícula que se traduz por dor em cólica na parte superior do abdome a direita - denominada cólica biliar.
  Quando o cálculo se encrava no ducto cístico, impedindo a passagem de bile, esta é retida e desencadeia um processo inflamatório agudo - denominada colecistite aguda. Habitualmente, nessa bile retida, crescem bactérias e a vesícula obstruída se comporta como um abscesso e pode ser o desencadeamento de doença potencialmente grave.
  A colecistite aguda pode regredir ou não.   Quando for persistente, vai se comportar como um abscesso local. Pode romper, ficando bloqueada sob o fígado ou romper para dentro do abdome provocando peritonite aguda.     Quando um cálculo localizado no colédoco obstrui esse canal, a bile não passa para o intestino e reflui através das células hepáticas para a corrente circulatória. A bilirrubina refluída para o sangue provoca uma cor amarelada típica da pele - denominada icterícia. Essa bile retida pode infectar, podendo provocar doença sistêmica toxêmica grave designada colangite aguda.

  Cálculos biliares e câncer
  O câncer da vesícula biliar não é frequente e o câncer em canais biliares é ainda mais raro. Seu índice de cura é baixo, mas depende do momento do diagnóstico. O curso dessa doença é silencioso e, quando há sintomas manifestos, geralmente, encontra-se em um momento tardio de tratamento.  Câncer da vesícula biliar está relacionado com a presença de cálculos em seu interior, habitualmente presentes há muito tempo, bem como com a presença de pólipos ou alterações anatômicas visualizadas através de exames de imagem (ecografia e tomografia computadorizada).

  TRATAMENTO :
  A litíase biliar sintomática deve ser tratada. Seu tratamento habitual é cirúrgico. A litíase de colédoco pode ser tratada por endoscopia: o endoscopista faz uma endoscopia, localiza a papila duodenal, corta o esfíncter de Oddi e, por essa abertura, retira os cálculos. Houve mudança importante na abordagem cirúrgica da via biliar com o desenvolvimento da cirurgia laparoscópica. A ressecção laparoscópica da vesícula biliar é totalmente similar à extração do órgão por cirurgia tradicional, aberta; entretanto, as incisões utilizadas são menores.
Com essa nova abordagem cirúrgica (videolaparoscopia) há menos dor pós-operatória, recuperação mais rápida para as atividades normais, menor tempo de internação hospitalar, além de se evitar as complicações inerentes às extensas incisões cirúrgicas no abdome. Pode-se dizer que a abordagem laparoscópica modificou o tratamento da litíase biliar nos últimos anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário